sexta-feira, 10 de junho de 2011

Filosofia da técnica

Aristóteles distingue episteme de techne e justamente no tocante áquilo e ao modo que ambas descobrem. Heidegger.

O eixo de refleção é aquele que o filósofo Martin Heidegger ( 1889-1976) denominou “a questão da técnica”, em particular, orienta-se este questionamento para uma das mais recentes manifestações da técnica moderna, aquela com maior impacto sobre nosso pensar, a informática.

Parafraseando Heidegger, a informática, muito mais do que revolucionária em nossas vidas, é a expressão mais atual da “essência da técnica, a Gestell, a qual é idêntica a essência da metafísica moderna”.

Deste modo, questionando e ao mesmo tempo apropriando-se, de modo até paradoxal, das novas tecnologias da informação e de comunicação, que contribuem para um aprofundamento sobre a essência da técnica.

A técnica em sua dimensão de produção

A técnica, como algo inerente à espécie humana, apresenta uma evolução congregada com a própria trajetória histórica do homem. Assim, sua emergência é localizável quando esse, emancipando-se do circuito natural e imediato dos estímulos e reações comuns aos demais animais, altera sua relação com a natureza.

Ambos, homens e animais, atuam sobre a natureza na busca de satisfação de suas necessidades, mas a interação humana é fruto de uma deliberação consciente e não instintiva/mecânica como a daqueles. Ao entrar em relação com a natureza, o homem não retira dela aquilo que pode satisfazer seus carecimentos: adapta-a, transformando-a a seus projetos e interesses.

Esse processo se efetiva através do trabalho, aqui concebido como atividade vital, ou seja “como atividade livre, universal, criativa e autocriativa, por meio da qual o homem cria (faz produz), e transforma (conforma) seu mundo humano e histórico e a sim mesmo. Desse modo, ou seja, a inteligência e capacidade de criar na realidade o que se necessidade e o que foi previamente idealizado.

É com essa natureza que o homem, através do trabalho e com o auxilio dos instrumentos que cria, passa crescentemente a dominar uma sobrenatureza que não é mais apenas natural, mas humano. O transforma a si mesmo, fazendo sua história.

Os meios de trabalho, nisso contido as técnicas, figuram como facilitadores no desenvolvimento da atividade.

Nesta medida, diferentemente da téchne grega e dessa condição ontológica dos meios de trabalho, a técnica passou, pouca a pouco, a se identificar por Ars (arte mecânica) ou com que hoje podemos denominar tecnologia.

Empreende-se, portanto, não só uma cisão materializada na emergência de duas grandes classes sociais antagônicas, mas também e inerentemente, no homem: ele é alienado do processo de produção como um todo e de suas capacidades e potencialidades humanas.

O advento da máquina sem dúvida reforçou esse quadro. Iniciando com a maquinaria simples e evoluindo para outras mais sofisticadas e automáticas, sua introdução no processo de trabalho contribui para que fosse retirada com maios rapidez das mãos do trabalhador a posse dos instrumentos, dos meios de trabalho. De outra parte, por ter sido introduzida na condição de propriedade dos que já detinham os meios de produção, a máquina, que poderia possibilitar um controle crescente dos homens em geral sobre o processo de trabalho, converteu-se em fator contribuidor para uma maior e mais eficiente sujeição do trabalhador aos modos de produzir organizados, controlados e direcionados para os interesses do capital.

A relação do homem, sendo assim, se modifica, antes trabalhava-se pela subsistência, e hoje em meio a técnica, trabalha-se por poder, capital. O homem retira da natureza excedente mente recursos naturais, para conseguir, manter poder neste mundo industrializado e artificial.

Portanto, reconstituindo-se numa reflexão sobre a "técnica", tornando amplamente como conjunto de meios para um mais eficiente desenvolvimento das tarefas humanas, que este, não respeita o paralelo subsistêncial com a natureza.


Referências: ABIGNANO,Nicola. dicionário de filosofia. 1963

BRUGUER, Walter . decionário de filosofia. Rio de Janeiro. 1988

CAMPAGNOLLI. Sandra Regina de Abreu Pires. desvendando uma relação complexa: o servico social e seu instrumental técnico. dissertacao de mestrado à Puc-SP. 1993

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